O Desafio da Acessibilidade na Comunicação para a pessoa cega

Você já viu algum comercial de TV com áudio-descrição? Talvez por que não temos uma TV e outros meios de comunicação mais acessíveis, a falta, seja algo normal.

Última atualização: 05 Mar 2024 - 12:46   


Uma TV em Construção
Uma TV em Construção

Um dos maiores problemas que vivemos na sociedade hoje, é a inclusão, que se estabelecem em dois pontos importantes geradores de problemas gigantescos, por afetar cada pessoa na sociedade: O primeiro o direto por Lei e o Segundo, o preconceito. Preconceito aqui colocado por que muitos desconhecem as habilidades, dificuldades, potencialidades das pessoas com deficiência, e, sobretudo, as próprias Leis, que garantem direitos. Ou pelos menos deveriam garantir. 

A nossa conversa aqui, é sobre um pedaço importante de um segmento social que pode contribuir muito para uma inclusão mais justa. Nosso papo de hoje é sobre Comunicação e Inclusão.

Quem nunca mentalizou a imagem de um cego na parada de ônibus perguntando “para onde vai este carro”? Quem nunca viu um cego e logo o associou a uma pessoa dependente, indefessa, pobre e desastrada? Quem já não ouviu a estória daquele cego que é capaz de conhecer dinheiro pelo tato, ou discriminar cores? Muitas e muitas “estórias” como estas enchem a nossa cabeça de conceitos, noções e imagens mentais sobre a cegueira, que na maioria das vezes refletem muito mais conceitos metafóricos e simbólicos, reforçando preconceitos enraizados numa cultura de exclusão. Isso mesmo, uma CULTURA DE EXCLUSSÃO.

imagem turva
Imagem turva a partir da lente de um óculos

Neste caso, a comunicação com todo seu poder de levar informação às pessoas, exerce um papel duplo: o primeiro - tem uma enorme quantidade de instrumentos e meios para falar. E o segundo - que ao falar na maioria das vezes exclui. Isso acontece pelo simples fato de que não há sensibilidade por parte da mídia de ouvir. Por isso, o cego pouco “ver” na TV, não ler o jornal, e nem consegue “ver” as fotos da exposição fotográfica na internet (as fotos não tem legenda acessível). Mas um meio se sobressai aos outros neste contexto. O rádio é o companheiro preferido e inseparável do cego, embora ainda precise melhorar muito a interatividade. Com relação à inclusão do Surdo ainda é um grande desafio para o rádio.

O rádio
O Rádio

 

A impressão que tenho é que o VER ocupa cada vez mais um lugar de destaque em nossa vida. Pesquisadores consideram que 80% das informações são recebidas por nós pela visão: televisão, outdoor, vitrines, facebook, filmes, jornal, revista, espaços físicos... Isso me leva a crê que vivemos mergulhados em um mundo de cores e sombras. E a grande pergunta é: e os sujeitos cegos como ficam num mundo predominantemente visual?

É preciso perguntar verdadeiramente: é possível que os meios de comunicação consigam ser acessíveis de maneira plena para as pessoas com deficiência? Por que fazer esta pergunta? Por que se não houver uam crença nisso já começamos perdendo o jogo. É preciso crê, mas, mais do que crê é preciso fazer isso acontecer. O Futuro se faz fazendo.

Mais duas perguntas são necessários para pensarmos neste debate. Como é hoje acessibilidade na TV, no rádio, nos impressos, na internet? Como fazer uma TV, o rádio, impressos e uma internet acessível ao cego?

Como jornalista lamento muito, por entender que nem sempre a informação está disponível e/ou acessível. Eu sei que uma simples informação pode interferir na vida de uma pessoa de forma positiva ou negativa – em menor ou maior grau de importância. Mas o fato é que interfere.

Penso que seremos mais justos quando entendermos que assim como a arte deve antes de tudo e em primeiro lugar embelezar a vida, a comunicação possa ser efetivamente praticada na sua essência para tornar a vida bem mais justa com as pessoas com deficiência.