Barco de pesca brasileiro é atacado por embarcação chinesa

O presidente do Sindipesca afirma que se trata de uma "guerra do atum".

27/11/2018 - 09h40

Um barco de pesca brasileiro, com três tripulantes de Camocim, foi atacado por uma embarcação chinesa a 600 quilômetros da costa potiguar, em águas internacionais, na quinta-feira (22) e só não afundou porque é novo e feito de aço. O ataque foi motivado pela briga por território de pesca do atum. O Rio Grande do Norte e o Ceará produzem 30 mil toneladas por ano do pescado. Isso rende R$ 600 milhões/ano.

Barco Oceano Pesca I. 

Os camocinenses Carlos Derlando de Oliveira Brandão, comandante da embarcação, Operador de máquinas/motorista, Ronaldo Moraes de Mesquita e o tripulante Osmar Gomes Moura de Filho, viveram o drama e chegaram a imaginar que o pior pudesse vir a ocorrer.

“Passamos por momentos de extremo pavor, ao ver que a embarcação chinesa vinha se aproximando da nossa embarcação, com seus tripulantes no convés nos ameaçando. Eles chegaram a jogar em nós objetos cortantes e parafusos de motor (grande)”, relatou o comandante camocinense Derlando Brandão, ao seu irmão, o arquiteto Francisco Derlan de Oliveira Brandão, através de rádio.

O comandante disse ainda que a tripulação brasileira teve que se ajoelhar, se humilhar e “pedir para que os chineses não os atacassem. Mesmo assim, eles não cessaram a perseguição, que durou cerca de cinquenta minutos. E só acabaram os ataques quando viram nossa embarcação com o convés cheio de água. Então eles imaginaram que a mesma fosse afundar, por conta da primeira colisão”.

O plano era que o pesqueiro do Brasil ficasse no mar até o final deste mês. Agora, por causa do ataque – que teria provocado um dano no casco da embarcação – eles tiveram que retornar ao Rio Grande do Norte.

O proprietário da embarcação, Everton Padilha, e o presidente do Sindicato da Indústria da pesca no Rio Grande do Norte (Sindipesca), Gabriel Calzavara de Araújo, procuraram a Marinha do Brasil para pedir providências com relação ao ocorrido.

Gabriel Calzavara explicou que esse é o terceiro incidente entre brasileiros e chineses. Mas esta é a primeira vez que uma embarcação tenta afundar a outra. Os outros dois teriam ocorrido num período de três meses antes.

Ele afirmou que o caso é um incidente internacional e que o Governo Brasileiro tem de atuar nesse caso. “O comandante ficou dizendo pelo rádio que ia colocar o barco a fundo. Se não fosse feito de aço e novo, teria afundado. Abriu um rombo no casco”, contou.

E acrescentou: “Há uma briga no mar. Uma guerra pelo atum no Atlântico. E o Brasil está incomodando. É a guerra do Atum”, afirmou. 

De acordo com o site da Comissão de Pesca do Pacífico Ocidental e Central, o barco Chang Rong 4 tem um tripulação composta por 30 membros e foi construído em 1997. De acordo com o site Marine Traffic, que monitora embarcações por satélite, a última localização do barco foi repassada em outubro deste ano.

Com informações de Portal do Delta.