Em sessão solene no plenário da Câmara dos Deputados, a Medalha Mietta Santiago foi entregue hoje (19) a cinco mulheres que se destacaram na luta por direitos. Nesta edição do prêmio, a segunda, foi concedido um prêmio póstumo à vereadora Marielle Franco (PSOL-RJ). A professora Gina Vieira Ponte, a médica Beatriz Bohrer de Amaral, a cientista Gabriela Barreto Lemos e a doutora em Bioquímica Debora Foguel também receberam a medalha.
A viúva Mônica Benício recebe a medalha concedida à vereadora Marielle Franco. (Foto: Agência Brasil)
Criada em 2017 pela Secretaria da Mulher da Câmara dos Deputados, a condecoração tem por objetivo valorizar iniciativas relacionadas aos direitos das mulheres e é entregue anualmente em março, em comemoração ao Dia Internacional da Mulher (8).
A viúva de Marielle, Mônica Benício, recebeu a medalha em memória da vereadora, assassinada a tiros em 14 de março de 2018. Marielle foi coordenadora da Comissão de Defesa dos Direitos Humanos e Cidadania da Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj) e, em 2016, foi eleita vereadora..
“É importante ter essa diversidade de mulheres sendo reconhecidas pelos seus feitos”, disse Mônica. “Tem um significado emotivo muito grande para mim, mas acho que socialmente diz muita coisa porque é mais um espaço de reconhecimento, onde a gente pode denunciar o que foi a barbárie, mas também pode homenagear o que foi a luta da Marielle.”
A professora brasiliense Gina Vieira Ponte é criadora do premiado projeto Mulheres Inspiradoras, que incentiva a leitura de grandes autoras da literatura mundial e brasileira e instiga crianças e adolescentes a contarem a própria história.
Gina lembrou que sua trajetória é marcada pelo combate ao racismo e machismo na sociedade. Segundo a professora, o projeto Mulheres Inspiradoras, voltado para estudantes de escola pública, tem o objetivo de levar os jovens a entrar em contato com a história de grandes mulheres.
A cientista Gabriela Barreto Lemos desenvolveu pesquisa inovadora, que permite a captação de fotografias através da reprodução de pequenos feixes de partículas, possibilitando a construção de uma imagem que não é visível a olho nu, como um ferimento interno no corpo humano.
Gabriela Leite diz que mulheres podem ser cientistas e devem ser ouvidas. (Foto: Agência Brasil)
Em discurso, Gabriela destacou que as mulheres podem ser cientistas e devem ter seus direitos respeitados e sua voz ouvida. Ela também ressaltou que o governo deve voltar a investir fortemente em ciência e lembrou da queda drástica de recursos para as universidades públicas nos últimos anos.
A doutora em bioquímica Debora Foguel se dedica ao estudo dos mecanismos responsáveis pelo desdobramento incorreto das proteínas, que levam à formação de agregados amiloides, responsáveis por doenças como Alzheimer, Parkinson e polineuropatia amiloidótica familiar.
Debora ressaltou a importância da ciência para o país e exemplificou com o protagonismo do Brasil nas pesquisas sobre a zika. “O Brasil responde por 25% do conhecimento sobre o assunto no planeta”, disse Debora. Segundo ela, esse conhecimento está pavimentando o caminho para se chegar a uma vacina contra a doença. “Precisamos de recursos para pesquisa”, completou.
A médica Beatriz Bohrer de Amaral, que trabalha pela promoção da saúde da mulher, no diagnóstico precoce do câncer de mama e da osteoporose, é coordenadora do Projeto Mulher & Saúde, que dissemina informação às mulheres sobre hábitos e cuidados necessários à saúde da família. Para Beatriz, a Medalha Mietta Santiago renova seu compromisso de lutar pelos direitos das mulheres.
Mietta Santiago é o pseudônimo de Maria Ernestina Carneiro Santiago Manso Pereira. Nascida em Varginha, Minas Gerais, em 1903, a advogada impetrou mandado de segurança em 1928, questionando a proibição do voto feminino no Brasil. Mietta afirmou que isso violava a Constituição então vigente, que não vetava o voto feminino. Ela conseguiu o direito de votar e de concorrer ao cargo de deputada federal. Mietta Santiago morreu em 1995.
Fonte: Agência Brasil.