Esquema de propaganda eleitoral coloca Wellington Dias como assunto mais falado do Brasil no Twitter

Perfis do Sudeste do Brasil lançaram tweets falando positivamente do governador Wellington Dias. Esquema foi denunciado.

26/08/2018 - 16h53 - atualizado 18h11

Wellington Dias, atual governador do Piauí e candidato à reeleição pelo PT, é destaque do Twitter neste domingo (26). A polêmica teve início após uma série de influenciadores digitais comentarem o governo de Wellington Dias de forma positiva.

Diversas pessoas começaram a estranhar que perfis do Sudeste do Brasil estavam comentando o governo do Piauí. Uma das pessoas contratadas para a propaganda eleitoral acabou denunciando o esquema.

Confira tweets que comentaram o governo de Wellington Dias positivamente:

 

A denúncia partiu da influenciadora Paula Holanda (@pppholanda no twitter). De acordo com Paula Holanda, uma agência entrou em contato com ela para que fizesse postagens diariamente sobre pautas de esquerda. "O combinado foi manter sigilo sobre a ação. Mas o combinado também foi que a ação seria de esquerda, não uma ação partidária", relatou ela. "Eu comecei a ficar desconfiada pois as duas primeiras pautas eram sobre petistas. Minha desconfiança explodiu hoje, na terceira pauta, sobre o governador petista do piauí Wellington Dias", afirmou. 

Após a denúncia, diversos influenciadores que estavam participando da campanha apagaram seus comentários. Alguns também postaram justificativas. Caso de William de Lucca, jornalista de São Paulo, que após a denúncia apagou seu tweet e postou que se desligou da agência após não concordar com a condução da campanha. "Registro: por um mês, fiz parte de uma ação com outros ativistas para debater pautas progressistas aqui no Twitter. Quando topei, deixei claro que não falaria sobre o que não acredito, e assim o fiz. Por conta da condução da agência em relação a ação, eu me desliguei da mesma", relatou William de Lucca. 

A assessoria do governador divulgou nota garantindo que não contratou e não tem ligação com a empresa. "Sobre a repercussão do nome do governador Wellington Dias nas redes sociais, em especial no Twitter, é importante esclarecer que esta não é uma atividade organizada pela campanha. O que se observa pelos comentários nas redes sociais e nos prints que circulam é que este é um movimento nacional, que simpatiza com a esquerda e com o Partido dos Trabalhadores. O governador Wellington foi incluído de alguma forma por fazer parte deste contexto", diz a nota.

A partir da denúncia, as pessoas começaram a lançar mensagens ironizando o governador Wellington Dias e o Piauí. "Gente o governo de Wellington Dias no Piauí foi top, né? Depois passo minha conta pra receber os mimos, PT", diz uma internauta. Outros postaram que o Piauí é igual a Suíça.

"O Sudeste já morreu, o Futuro é o Piauí, futuro não, presente, o IDH do Piauí é maior que o do Japão, Finlândia, Suíça e Alemanha juntos", ironizou outro internauta. 

Propaganda ilegal

Conforme a Justiça Eleitoral, a partir da nova redação dada ao art. 57-C da Lei nº 9.504/1997, a propaganda eleitoral na Internet passa a ser permitida durante o período eleitoral quando for utilizada com o único objetivo de impulsionar o alcance de publicações, como no Facebook e no Instagram. Deve ser claro que aquele conteúdo se trata de uma propaganda e de qual partido é. 

Ou seja, pagar para que influenciadores façam propaganda no Twitter sem que fique claro que se trata de uma propaganda se configura como prática de crime eleitoral. 

Uma cartilha sobre o uso das redes sociais em fins de campanha eleitoral também diz que "a possibilidade de impulsionamento de conteúdo eleitoral ficará restrita às campanhas oficiais. Além disso, o uso desse recurso deve ficar claro para o eleitor, como já acontece, quando as plataformas de mídias sociais acrescentam à publicação a palavra Patrocinado". Acesse para conferir a cartilha que orienta sobre propaganda política na internet.

Por não conseguir atender às exigências do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), o Twitter anunciou que não iria vender publicidade eleitoral durante a campanha. “No Brasil, nossas políticas de anúncios não vão permitir a veiculação de propaganda eleitoral paga”, declarou a empresa. 

"A legislação eleitoral brasileira estabelece determinadas obrigações relacionadas a transparência por parte de candidatos, partidos e coligações que fizerem propaganda eleitoral paga na internet. Diante disso, o Twitter decidiu iniciar a venda deste tipo de publicidade somente quando as ferramentas apropriadas para facilitar essa transparência estejam disponíveis na plataforma", nota do Twitter.

A Coligação “Piauí de Verdade”, encabeçada pelo candidato ao governo Luciano Nunes, já entrou com uma representação por propaganda irregular feita pela Coligação “A Vitória com a Força do Povo” e o governador Wellington Dias. A representação visa apurar as ilegalidades de um esquema de propaganda mediante o pagamento de influenciadores digitais para elogiarem a gestão do governador nas redes sociais.

O advogado Carlos Yuri, da coligação encabeçada pelo candidato ao governo Luciano Nunes (PSDB), explicou que “após ser tornado público um esquema ilegal de propaganda mediante o pagamento de influenciadores digitais, a Coligação “Piauí de Verdade” interpôs essa representação visando apurar as ilegalidades e a aplicação de multa ao governador”.