Famílias são despejadas de assentamento em Teresina

Segundo a promotora, o local é de propriedade do Estado, mas foi cedido a um grupo de empresários

22/02/2018 - 12h05

Uma ordem de despejo está sendo cumprida hoje, 22, no Assentamento Anselmo Dias II, na zona sudeste de Teresina. Segundo a promotora de Justiça Leida Diniz, há 300 famílias no local que não devem ter para onde ir. Os moradores estão sendo acompanhados por um advogado.

A Polícia Militar acompanha o oficial de Justiça e de forma pacífica, as famílias estão saindo do local. Alguns choram, pois dizem não ter locais para onde ir. As famílias moram no local há pelo menos nove meses. "Aqui só tem família pobre. A maioria não tem pra onde ir. Tem gente idoso, criança. Bem que poderiam ter pena de nós. Já que é pra fazer jsustiça bem que poderiam deixar a gente aqui.", declarou chorando copiosamente uma moradora.

A comandante da ação na PM, coronel Júlia Beatriz, declarou que a ação tinha que ser cumprida hoje. "Estamos dando apoio à ordem que precisa ser cumprida hoje", afirmou a coronel. 


Materiais de construção são retirados dos casebres de barros / Crédito: José Marcelo - G1

A promotora Leida Diniz declarou que inicialmente, a propriedade é de posse do governo do estado, mas existe a possibilidade de cessão à um grupo de proprietários. A promotora informou que a decisão judicial é imediatada. "O Juiz é livre para decidir, mas questionamos os efeitos. É muito sério despachar pessoas para locais que ainda não existem. Se forem despejados em um período de chuva, para onde vão as crianças? Há 15 com microcefalia, muitos idosos e a maioria está no mercado informal, ou seja, não têm salários certos para o mês.", contestou a promotora.


A saída das famílias estão saindo das casas, escoltadas pela PM / Crédito: José Marcelo - G1

O líder do assentamento, Rafael Dias, afirma que o terreno está abandonado há quase 40 décadas, e só agora, um grupo de empresários apareceu como donos e alega retomar as terras, que são propriedade do estado. “Nesse momento nós enfrentamos a terceira liminar expedida arbitrariamente pra um grupo de empresários que compraram a terra quando nós já estávamos há dois meses. Nós temos fortes indícios que comprovam que a terra é do estado.  O terreno estava abandonado há aproximadamente 42 anos”, disse Rafael.


Moravam no local, crianças e idosos / Crédito: José Marcelo - G1

Alguns moradores retiram os materiais de construção que compraram para fazer suas casas.