Melissa Miranda, 18 anos, natural de Santo Inácio do Piauí, região do semiárido piauiense, foi aprovada para o curso de medicina na Universidade Estadual do Piauí (Uespi). Filha de um vigilante da praça da cidade e de uma atendente dos Correios, a jovem estudou a vida inteira em escola pública e sempre sonhou em poder ajudar as pessoas através da medicina.
Filha de vigia e aluna de escola pública do interior do Piauí é aprovada em medicina.
“A medicina para mim é um propósito de vida. Sempre quis ajudar os mais necessitados e escolhi a medicina para realizar este sonho”, disse.
A jovem foi aprovada pelo sistema de cotas raciais e por ser estudante da rede pública de ensino, o que, segundo ela, não tira o brilho de sua luta.
“Infelizmente, o aluno de escola pública ainda enfrenta algumas dificuldades no ensino e isso prejudica um pouco, mas eu lutei para melhorar minhas deficiências. Saí da minha cidade para estudar em Oeiras, que é mais desenvolvida que Santo Inácio, e de lá vim para Teresina com o objetivo de fazer um preparatório para o Enem”, contou a jovem. Ela fez ensino médio no Centro de Educação em Tempo Integral (CETI) Pedro Sá, em Oeiras.
A aprovação foi uma surpresa, tanto que Melissa Miranda já tinha feito matrícula em outro cursinho para se preparar novamente para o Enem.
“O resultado foi uma surpresa porque é um curso muito concorrido. Tanto que só fui aprovada na segunda tentativa, mesmo com cotas. No ano passado, eu escolhi medicina e não fui aprovada. Então, fiz cursinho para aprimorar na área de ciência da Natureza e conseguir evoluir”, afirmou.
Melissa Miranda é a primeira pessoa da família a ter acesso ao nível superior de ensino. Os outros dois irmãos são mais velhos e preferiram entrar logo no mercado de trabalho. A outra irmã é a mais nova e Melisssa esperar ser exemplo para a pequena.
Sobre a festa da aprovação, a jovem disse que a mãe ficou muito emocionada e chorou quando recebeu a notícia de que teria uma filha estudante de medicina.
“Comemorei com os amigos em Teresina. Depois de efetuar a matrícula vou para minha cidade, onde faremos uma festa com meus familiares e amigos. Soube que os moradores ficaram muito felizes com meu desempenho. Sabe como é, em cidade pequena todo mundo conhece mundo, sonha e torce junto”, disse ela.
Fonte: Diário do Norte.