Jovem negra tem 3 vezes mais chances de ser assassinada no Piauí, revela UNESCO

O Piauí é o quinto estado do Nordeste que mais oferece risco às jovens negras

01/04/2018 - 10h08 - atualizado 02/04/2018 - 15h55

No Piauí uma jovem negra tem o mais do que o triplo de chance de ser vítima de homocídio quando é comparada a uma jovem branca. O levantamento divulgado pela Unesco, aponta que a maior causa de morte acontece entre jovens de 15 a 29 anos.

A média local aponta que a mulher jovem negra tem 3, 64 de chances de ser morta em relção a jovem branca num quadro de 100 mil habitantes.  O estudo foi baseado atarvés do Sistema de Informações de Mortalidade (SIM) do Ministério da Saúde, no ano de 2015.

O secretário nacional de Juventude, Francisco de Assis Costa Filho, afirmou que o levantamento vai servir para apontar para onde devem ser trabalhadas melhores as políticas públicas para a redução de homicídios. “Jovens representam 27% da população brasileira. Jamais tivemos e jamais teremos tantos jovens no país. Esses dados mostram uma clara desigualdade na forma com que a violência atinge a juventude negra. Esta mesma violência cresceu e parecia contraditório estar com o principal plano de redução de homicídios, o Juventude Viva, desativado”, acrescentou o gestor, que lembrou o relançamento da iniciativa em parceria com a UNESCO.

Entre os nove estados da região Nordeste, o Piauí  é o quinto que mais oferece risco às jovens com um índice de 7,4 de risco de morte. O estado com maior risco é o Rio Grande do Norte em que a mulher negra tem 11,7 de chances de ser morta. O Maranhão , dentro da região é o menor com um índice geral de 1,1 de chance de femicídio.


Apenas no Paraná, o risco de uma mulher branca ser morta supera do mesmo crimes acontecer com um jovem negra. / Crédito: Reprodução

A representante interina da UNESCO no Brasil, Marlova Jovchelovitch Noleto, cobrou mais política públicas para que os indicadores mudem e mostre mais segurança ao público feminino com mais oportunidades. “A violência no Brasil, apesar de nossos esforços, não tem cedido [...] Essa violência tem raça, escolaridade, indicadores socioeconômicos, indicadores de territorialidade e tem gênero, como conseguimos mostrar pela primeira vez. Não é possível que continuemos a assistir a essas mortes de forma impassível sem que focalizemos ações”, cobrou Noleto.

Campanha Vidas Negras

A ONU Brasil lançou  a campanha nacional "Vidas Negras" com iniciativa busca ampliar, junto à sociedade, gestores públicos, sistema de Justiça, setor privado e movimentos sociais, a visibilidade do problema da violência contra a juventude negra no país. O objetivo é chamar atenção e sensibilizar para os impactos do racismo na restrição da cidadania de pessoas negras, influenciando atores estratégicos na produção e apoio de ações de enfrentamento da discriminação e violência.


Atores, artistas e demais personagens negros foram convidados para se engajar na camapnha / Crédito: Divulgação - Vidas Negras

No Brasil, sete em cada dez pessoas assassinadas são negras. Na faixa etária de 15 a 29 anos, são cinco vidas perdidas para a violência a cada duas horas. De 2005 a 2015, enquanto a taxa de homicídios por 100 mil habitantes teve queda de 12% para os não-negros, entre os negros houve aumento de 18,2%. Os crimes às pessoas negras vem aumentando e isto exige políticas com foco na superação das desigualdades raciais.