Conselho de Medicina decide interditar Maternidade D. Evangelina Rosa por 60 dias
A interdição parcial entrou em vigor à meia noite desta quarta-feira (21) e a partir de então direção e médicos estão proibidos de admitir pacientes de baixa e média complexidade.
A diretoria do Conselho Regional de Medicina do Piauí (CRM-Pi) decidiu, em plenária da última terça-feira (20), pela interdição ética parcial da Maternidade Dona Evangelina Rosa, maior maternidade pública do Piauí. De acordo com o Conselho, a maternidade enfrenta graves problemas que tem resultado em perdas de vidas. Apenas em setembro, 14 recém nascidos vieram a óbito e em outubro o número de óbitos chegou a 29, um aumento de mais de 100%.
A interdição parcial entrou em vigor à meia noite desta quarta-feira (21) e a partir de então direção e médicos estão proibidos de admitir pacientes de baixa e média complexidade. A norma não vale para pacientes de alta complexidade, que detém entrada por meio de regulação, ou seja, pacientes graves continuam com atendimento normal, conforme é o objetivo da instituição.
Nas últimas fiscalizações, chamou atenção no setor de admissão que 43% das pacientes admitidas eram consideradas de baixo e médio risco. A situação compromete leitos que são voltados para pacientes de alta complexidade.
Durante as várias visitas realizadas durante esse segundo semestre de 2018 e a partir de relatos de médicos plantonistas, o CRM-PI constatou que a ausência de regularidade no fornecimento de diversos materiais que são padronizados na assistência aos pacientes.
Além disso, a maternidade também conta com inúmeros equipamentos quebrados, obsoletos e com funcionamento precário no centro cirúrgico, quatro camas para realização de partos quebradas, focos e cardiotocógrafos insuficientes, sonares quebrados, bisturis elétricos insuficientes, além de várias incubadoras sem funcionar e sem manutenção há muito tempo. Fora isso, novas fissuras no piso, especialmente nas UTIs.
Assim, com a interdição, o Conselho espera reduzir a superlotação e ainda estabelece prazo para a direção da MDER solucionar as demais falhas, como falta de vários medicamentos, falta de insumos, problemas na realização de exames, equipamentos quebrados, falhas estruturais no prédio e ainda atraso de salários de terceirizados. "O CRM-PI espera que antes do fim da interdição, o Estado tome, enfim, as devidas providências solicitadas em relatório técnico do CRM-PI, a fim de que se reduza o grau de infecção hospitalar e contenha o alarmante número de óbitos", diz nota emitida pelo Conselho.