Senado rejeita projeto para descriminalizar aborto na Argentina
Após mais de 16 horas de debate e intensa mobilização nas ruas, a votação acabou em 38 contra e 31 a favor (três não votaram).
O Senado argentino derrubou, na madrugada desta quinta-feira (9), o projeto de lei que permitiria a interrupção da gravidez apenas pela vontade da mulher até a 14ª semana de gestação.
Após mais de 16 horas de debate e intensa mobilização nas ruas, a votação acabou em 38 contra e 31 a favor (três não votaram).
Em junho, a matéria havia sido aprovada na Câmara, também em placar apertado, evidenciando como o tema divide o país. Hoje o aborto só é permitido na Argentina em caso de estupro ou quando a gestação ameaça a vida da grávida.
Segundo a imprensa argentina, o presidente Mauricio Macri enviará nas próximas semanas ampla proposta de revisão do Código Penal ao Congresso. O texto pode aumentar as situações em que o aborto é permitido e eliminar a possibilidade de prisão para mulheres.
Uma das últimas a discursar foi a ex-presidente Cristina Kirchner (2007-2015), que durante seu mandato esteve ao lado dos anti-aborto, mas que declarou ter mudado de ideia. "Eu hoje penso diferente porque ouvi a voz das jovens, dessa geração de mulheres feministas que estão destruindo uma sociedade machista e patriarcal e precisam do nosso apoio".
Acrescentou que se sentia na obrigação de estar ao lado delas porque tem duas netas pequenas e que quer que elas se orgulhem da avó quando ficarem grandes e o aborto estiver legalizado. "Porque vai estar legalizado, se não for hoje, será dentro de um ano ou dois".