Conselho Consultivo sobre Internet e Eleições discute impacto das fake news
Grupo também debateu medidas contra disseminação de notícias falsas durante o segundo turno das eleições.
Os integrantes do Conselho Consultivo sobre Internet e Eleições reuniram-se por cerca de três horas e meia nesta quarta-feira (10), na sede do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), em Brasília (DF), para fazer um balanço de suas ações, discutir o impacto das chamadas fake news no primeiro turno das eleições e apresentar propostas para combater a disseminação de notícias falsas durante o segundo turno do pleito. Marcaram ainda para o dia 22 de outubro uma nova reunião, com representantes de plataformas de redes sociais e empresas de checagem de informação.
O evento contou com a presença da presidente do TSE, ministra Rosa Weber. Ela agradeceu a participação dos integrantes do Conselho e o trabalho desenvolvido por todas as instituições que o compõem na busca de soluções para tratar do problema das notícias falsas no processo eleitoral. “A disseminação das fake news é um fenômeno deletério, prestando um imenso desserviço aos cidadãos, razão pela qual merece esforço de todos nós – cidadãos, instituições e plataformas de redes sociais – no sentido de comprometimento com a verdade dos fatos e a não proliferação de notícias falsas”, afirmou Rosa Weber.
A presidente do TSE anunciou que um grupo, composto por servidores do TSE, atuará no segundo turno do pleito deste ano para identificar as notícias falsas que buscam atingir a imagem da Justiça Eleitoral.
No encontro, foi proposto que o Conselho Consultivo tenha caráter permanente em razão das eleições futuras e se reúna a cada 30 dias.
Função jurisdicional
Em entrevista a jornalistas após o encontro, o coordenador do Conselho e secretário-geral da Presidência do TSE, Estêvão Waterloo, lembrou que, no fim de junho, o Conselho Consultivo firmou diversos acordos de não disseminação de fake news com a mídia em geral e os partidos políticos. Ele destacou que o TSE, em sua função jurisdicional, somente atua por provocação no caso de exame de questão que envolva suposta propagação de notícias falsas. Disse ainda que a Corte já examinou cerca de 30 representações contra esse tipo de propaganda eleitoral irregular.
“Na linha tênue entre controle ou não, regulação ou não [de notícias falsas], nós vamos sempre privilegiar a liberdade de expressão”, ressaltou Estêvão, assinalando que fake news se contesta com informação verdadeira e fidedigna.
Segundo o coordenador, a avaliação do Conselho era a de que o cenário de disseminação de notícias falsas no primeiro turno “seria infinitamente pior”. Ele comunicou que a equipe técnica do Tribunal está elaborando uma página para o Portal do TSE na internet, voltada a catalogar as notícias falsas disseminadas com o objetivo de desacreditar o trabalho da instituição.
O secretário-geral da Presidência da Corte também informou que o Tribunal está trabalhando em um aplicativo, para tablets e smartphones, para o recebimento de reclamações diretas do eleitor.
Composição e atribuições
O Conselho Consultivo é formado por 14 integrantes. No colegiado, há representantes da Justiça Eleitoral, do Ministério Público, do Ministério da Defesa, do Ministério da Justiça, do Departamento de Polícia Federal, do Ministério da Ciência e Tecnologia, entre outros órgãos públicos, e da sociedade civil.
De acordo com a portaria que o criou, as atribuições do Conselho Consultivo são: desenvolver pesquisas e estudos sobre as regras eleitorais e a influência da internet nas eleições, em especial o risco das fake news e o uso de robôs na disseminação das informações; opinar sobre as matérias que lhe sejam submetidas pela Presidência do TSE; e propor ações e metas voltadas ao aperfeiçoamento das normas.
O Conselho Consultivo funciona junto ao gabinete da presidente do TSE, e a participação de seus integrantes não é remunerada.
Presenças
Participaram da reunião de hoje representantes do TSE, do Ministério Público Eleitoral, Ministério da Justiça, Ministério da Defesa, da Polícia Federal, da Agência Brasileira de Inteligência (ABIN), do Ministério da Ciência e Tecnologia, do Comitê Gestor da Internet no Brasil (CGI), da SaferNet Brasil e da Fundação Getúlio Vargas.
Fonte: Tribunal Superior Eleitoral