Crise no Piauí vai além do desemprego
Além do desemprego, baixos salários, aumento na criminalidade e descrédito político também fazer parte da crise
O retrato da crise que se instalou no Brasil em 2014 vai muito além do aumento do desemprego. O descrédito com a classe política, os baixos salários e o aumento da criminalidade também são outras consequências da grave crise econômica e financeira pela qual o Brasil passa.
No Piauí, a situação não é diferente do restante do país. Segundo informações do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas (IBGE), o Piauí encerrou o ano de 2017 com uma população de 180 mil desempregados, o que representa 13% de desocupação. Em Teresina, o número é praticamente o mesmo. A capital do Piauí tem 13,7% de pessoas fora do mercado de trabalho. A construção civil, o setor de serviços e o agronegócio foram os setores que mais demitiram no Piauí, no ano passado.
No entanto, a crise não atinge somente quem não consegue encontrar trabalho. Associado ao aumento do desemprego, os baixos salários também são outra consequência. O crescimento do número de pessoas que procuram uma ocupação, sendo na maior parte dos casos mão de obra desqualificada, implica diretamente na oferta de salários que, na maioria das vezes, não conseguem atender a todas as necessidades do trabalhador.
Para o economista Manoel Moeda, a atuação no mercado informal é a principal consequência da falta de emprego. “As pessoas se vêem obrigadas a trabalharem com o que não gostam, ou, na maioria das vezes, com o que não tem experiência”, explicou ele.
Rejeição à classe política
O descrédito com a classe política é outra consequência. Dados do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) revelam que apenas 17,58% do total de eleitores aptos a votarem exerceram o direito na eleição presidencial de 2014.
No ano de 2016, 280 mil piauienses deixaram de comparecer às urnas para escolher seus representantes. 279.953 eleitores abstiveram-se de votar, totalizando 11,75% de faltosos.
O cientista político Ricardo Arras explica que o descrédito em relação à classe política é o resultado dos inúmeros casos de corrupção: “O divórcio entre a política e a sociedade é consequência do descrédito da população, principalmente, por causa da corrupção. Hoje, a política se tornou um espaço para enriquecimento pessoal e não para resolver os problemas do povo. Mas não é apenas um problema da classe política, mas da população que é quem elege”, explicou.
Aumento da criminalidade
Outro grave efeito da crise é o aumento da criminalidade. É cada vez maior o número de casos de violência causados, dentre outros motivos, pelo crescimento do desemprego. Em Outubro de 2016, no auge da crise, o 10° Anuário Brasileiro de Segurança Pública mostrou que Teresina estava na lista das cidades mais violentas do Brasil ocupando a 12° colocação num ranking das 27 cidades com 359 assassinatos, sendo 42,5 numa taxa por 100 mil habitantes, apesar de ter diminuído quase em 20% em relação a 2014 quando a crise começou.
*Reportagem de Ryan Andrade sob supervisão de Pedro Henrique Santiago
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