Saiba o que os especialistas pensam sobre a prisão de Lula
Rede Piauí ouviu cientistas políticos e advogado do PI sobre consequências e impactos da prisão de Lula
O ex-presidente Luís Inácio Lula da Silva teve seu pedido de prisão decretado pelo juiz Sérgio Moro, nesta quinta-feira (5). No despacho, Lula terá até às 17h desta sexta-feira (6) para comparecer voluntariamente à Polícia Federal em Curitiba onde deve iniciar o cumprimento da pena.
Lula foi condenado a 12 anos e 1 mês de prisão no caso do triplex do Guarujá acusado de ser o real proprietário do imóvel. O ex-presidente vai responder pelos crimes de lavagem de dinheiro e corrupção e o início da pena deve acontecer em regime fechado.
Momento em que Lula se dirige ao Sindicato dos Metalúrgicos, em São Bernardo do Campo, para se encontrar com apoiadores.
A Rede Piauí de Notícias conversou com os cientistas políticos Francisco Mesquita e Cleber de Deus, que fizeram uma análise sobre a expedição do decreto que pediu a prisão do ex-presidente Lula bem como suas consequências e impactos.
Para Francisco Mesquita a pressa pela expedição do decreto evidencia parcialidade da Justiça. “A lei é clara ao dizer que alguém só poderá ter um pedido de prisão decretado quando encerrarem a análise de todos os recursos. O julgamento do ex-presidente Lula ainda não está transitado em julgado”, explicou.
Ainda segundo Francisco Mesquita, a prisão de Lula não encerra o debate sobre combate à corrupção porque, segundo ele, é um problema inerente ao sistema político brasileiro. “A corrupção é algo que faz parte das estruturas políticas do Brasil. Ela não é um problema de uma liderança ou de um partido, mas do sistema como um todo”, falou Francisco.
Mesquita comentou também que a melhor estratégia para o PT, neste momento, é abdicar de uma candidatura própria. “Acredito que o mais sensato seria atuar na formação de uma frente ampla de alianças com outros partidos de esquerda para tentar pelo menos levar um representante para segundo turno. O PT tem hoje carência de líderes porque durante todos esses anos, eles concentraram essa liderança na pessoa do Lula”, afirmou ele.
Para Cleber de Deus, o julgamento do ex-presidente Lula transcorreu dentro da lei e não teve relação com perseguição política. “Todo o processo foi acompanhado pelo Judiciário e teve o aval da mais alta corte da justiça, o Supremo Tribunal Federal. Também foi acompanhado pela imprensa e o ex-presidente teve resguardado o direito à ampla defesa e ao contraditório”, declarou Cleber.
Cleber falou também que a prisão de um líder como o ex-presidente Lula pode impactar negativamente nos setores ditos de esquerda e favorecer o aparecimento de um eleitorado mais conservador representado, por exemplo, pelas ideias do deputado Jair Bolsonaro. “Os movimentos sociais, os sindicatos e os partidos mais próximo do PT terão grande desafio daqui pra frente e uma renovação não acontece de uma hora para outra. É normal que haja uma polarização de ideologias e pensamentos neste momento. Hoje se percebe claramente que há um eleitorado mais radical tentando levar um candidato à Presidência”, relatou.
De acordo com Cleber, a força que o PT ainda tem mesmo após a condenação de seu principal líder é o resultado de posturas adotadas pela sigla desde sua formação. “O PT sempre adotou um discurso que foi muito bem recebido, principalmente, pelas massas. A implementação de políticas sociais e assistencialistas agradou a uma grande parcela da sociedade brasileira”, explicou.
Advogado fala sobre não uso de algema na condução do ex-presidente
A Rede Piauí de Notícias também conversou com o advogado Edson Araújo sobre o fato do juiz Sérgio Moro não ter exigido o uso de algemas durante a condução do ex-presidente. Sobre o assunto, ele informou que a decisão sobre o não uso do equipamento depende de decisão da autoridade competente. “O juiz Sérgio Moro não achou necessário uso do equipamento porque ele só é utilizado em casos onde o preso pode demonstrar resistência ou tentar fugir. Como o ex-presidente Lula jamais demonstraria qualquer tipo de reação, ele julgou que não era necessário o uso da algema”, explicou.
*Reportagem de Ryan Andrade sob supervisão de Pedro Henrique Santiago
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